Quadrilha planejava sequestrar juízes e servidores que atuam em conflito agrário em Rondônia

A Polícia Civil de Rondônia (PCRO) em cumprimento de mandado contra grupo que planejava sequestrar autoridades públicas (Reprodução/PCRO)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – A Polícia Civil de Rondônia (PCRO) descobriu que uma organização criminosa planejava sequestrar e realizar atentados contra juízes, promotores e servidores do Estado. O motivo, segundo as investigações, é o fato de estes agentes públicos terem relação com o processo de desocupação da unidade de proteção Parque Estadual Guajará-Mirim, Unidade de Conservação (UC) localizada nos municípios de Guajará-Mirim (RO) e Nova Mamoré (RO). Nesta terça-feira, 19, a operação “Shield” frustrou os planos do grupo, prendeu três suspeitos e apreendeu armas de fogo e munições.

A Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco2), que coordenou a ação, encontrou evidências de que o grupo já havia levantado recursos para a execução do plano. Além disso, foram encontrados dados das vítimas em potencial, e a cada uma delas eram atribuídos valores diferentes, a depender do cargo público.

Armas e munições foram apreendidas (Reprodução/PCRO)

“A investigação decorre dos fatos envolvendo a invasão ao Parque Guajará-Mirim e à Operação Mapinguari, desenvolvida pelo Ministério Público nos últimos meses. O grupo criminoso tinha como alvo o magistrado responsável pela decisão de desobstrução do parque”, explicou o delegado Rondinelly Moreira.

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Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, nesta terça, nos municípios de Buritis, Campo Novo de Rondônia, Jaru, Nova Mamoré e Tarilândia, todos em Rondônia. A ação contou com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core).

O nome “Shield” significa “escudo”, em português, e tem como símbolo a defesa da Polícia Civil de Rondônia contra práticas criminosas que visam desestabilizar o Estado Democrático de Direito e o pleno funcionamento dos Poderes do Estado.

Mapinguari

Os planos de ataque contra as autoridades foram motivados pela Operação Mapinguari, deflagrada em agosto deste ano, para resolver conflitos agrários, e cumpriu ordem de desocupação do parque estadual. O local é uma unidade de proteção integral, com cerca de 200 mil hectares. Ao longo dos anos, a região se tornou alvo de devastação devido à permanência de invasores.

Vista aérea do Parque Estadual Guajará-Mirim (Reprodução/Ministério Público de Rondônia)

Uma investigação do Ministério Público do Estado do Rondônia (MPRO) apontou que o Parque Estadual de Guajará-Mirim sofreu danos ambientais que ultrapassam a soma de R$ 80 milhões. O desmatamento teria sido realizado por um grupo criminoso que atua na área.

Em 2021, a área do parque foi reduzida pela Lei Complementar N° 1.089/2021. A UC teve território redefinido junto da Reserva Extrativista Jaci-Paraná, que perdeu quase 90% de sua área total. Essa foi a maior redução de reservas ambientais já aprovada por algum Estado brasileiro.

No início deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (TJRO), em ação movida pelo MPRO, que declarou a inconstitucionalidade de trechos da lei.

Leia mais: PF destrói acampamentos de garimpeiros e desmatadores em duas reservas de Rondônia
Editado por Yana Lima
Revisado por Adriana Gonzaga
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