Representantes de movimentos sociais celebram retomada de políticas voltadas à diversidade e inclusão
Após quatro anos de indiferença, políticas voltadas à população LGBTQIAP+, negros e imigrantes voltam a ser contempladas em ministérios do governo federal (Antonio Cruz/ABr)
Daniel Amorim – Da Revista Cenarium
MANAUS – Após quatro anos de ausência de políticas direcionadas à diversidade e inclusão, a população negra, LGBTQIAP+, indígenas e imigrantes volta a receber atenção do governo federal. A retomada do Ministério da Igualdade Racial, a criação do Ministério dos Povos Indígenas e a nomeação de uma drag queen como assessora da Secretaria de Comunicação (Secom) são apontadas como uma nova etapa na defesa de demandas históricas.
Para Gabriel Mota, professor e coordenador da Aliança LGBTI+ no Amazonas, essas iniciativas apontam para necessidade de movimentos reorganizarem a luta contra a discriminação e a violência, física e psicológica, que exclui indivíduos do espaço público. “Além disso, trata-se de um momento desafiador. O Governo Lula 3 vai precisar buscar recursos e criar programas que possam beneficiar as comunidades. Não acredito que isso seja implementado em dois anos“.
Por outro lado, Mota ressaltou que o foco do governo federal deve ser o direcionamento das verbas para as secretarias, como a voltada à causa LGBT. “Não basta ter a secretaria dentro do Ministério de Direitos Humanos. É preciso rubrica para editais de fomento à cultura, ao empreendedorismo e ações de segurança na comunidade, articuladas com o Ministério Público“, defende.
O presidente do Diversidade 23 no Amazonas, Thiago Coêlho, diz que a mobilização indica “a luz de uma sociedade com desenvolvimento social, equidade e garantias humanas mínimas“, referindo-se ao desmonte de políticas públicas para a inclusão promovido no Governo Bolsonaro. Ele destaca também a retirada do enfoque religioso sobre a diversidade. “Temos a certeza do olhar do Estado, sem sectarismo religioso, sobre a garantia de direitos equivalentes à necessidade de cada segmento“.
Confronto de narrativas
O presidente do Instituto Afro-origem e Movimento Igualdade, Christian Rocha, avalia que a atual configuração do governo federal vai dar novo fôlego à luta. “Nos últimos quatro anos, nossas políticas públicas praticamente sumiram, e tivemos de ficar confrontando narrativas. Isso não quer dizer que a gente esteja num palanque agora, mas a comparação é importante. Devido à falta de ministérios, tivemos muita dificuldade de implementar políticas públicas para o desenvolvimento intelectual e técnico da população preta“, revela.
Rocha afirma que o ativismo “não se limita a festividades” e tem como alvo a implementação de políticas afirmativas por meio da educação.
“Estamos esperançosos ao ver digitais do Silvio Almeida [ministro de Direitos Humanos e Cidadania], um especialista em racismo estrutural, e de Anielle Franco à frente do Ministério da Igualdade Racial. Ela é filha da comunidade, conhece bem a situação da população preta no Brasil. Sem falar na Margareth Menezes [ministra da Cultura], e o Jojô [João Jorge], na Fundação Palmares. Nos últimos anos, a entidade prestou um desserviço ao Brasil. Temos esperança que a Fundação possa dar um novo respiro à comunidade preta e quilombola“.
Christian Rocha, presidente do Instituto Afro-origem e Movimento Igualdade.
Pautas excluídas
Nomeada assessora de diversidade e participação social da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do Governo Lula, a drag queen Ruth Venceremos (PT-DF) afirmou, em publicação nas redes sociais, que sua tarefa é promover a justiça social, diversidade, garantia dos direitos humanos e da democracia com efetiva e diversa participação social.
Ela foi a primeira drag queen a disputar o cargo de deputada federal pelo Distrito Federal, em 2022. Ruth obteve 31.538 dos votos válidos.
“Sou uma bicha preta, nordestina, do interior do Pernambuco, com trajetória no MST [Movimento dos Sem Terra]. A gente viu que, no último período, as pautas que envolvem os direitos humanos foram excluídas do espaço do Executivo“, declarou Ruth, em entrevista à Folha de S. Paulo.
Especialistas em Diversidade e Inclusão (D & I) tornaram-se ativos valiosos nas empresas. Na prática, a estratégia é atualizar a imagem corporativa de acordo com pautas que ganharam destaque nas últimas décadas. Já o discurso aparece com teor solidário: incentivar a igualdade, inovação e o engajamento.
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