‘Superpedido’ de impeachment trava, mas endossa manifestação contra Bolsonaro pelo País

O simbolismo do ato busca marcar posição, ocupar espaços na mídia e trazer a público que o movimento já não é exclusivo da esquerda (Reprodução/PT)
Via Brasília – Da Revista Cenarium

Simbolismo

A frente ampla que apresentou o “superpedido” de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro teve o condão de reunir personagens da política de lados e pensamentos opostos, que travaram uma batalha dura nas eleições de 2018 e que, hoje, gravitam em torno da mesma causa: o impedimento de Bolsonaro. Mas não terá o poder de produzir resultados concretos imediatos, avaliam seus organizadores. O simbolismo do ato busca marcar posição, ocupar espaços na mídia e trazer a público que o movimento já não é exclusivo da esquerda, e ganha apoios em todos os espectros da direita e do centro. Espera-se, ainda, que a formação da frente ampla engrosse os protestos “Fora Bolsonaro”, a exemplo do próximo, marcado para o dia 9/7 em todo o País.

Sócio e Refém

Parlamentares da oposição avaliam que a “sociedade” entre o governo e o Centrão deverá se manter já que os próceres do grupo – entre eles, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros – estariam sendo “bem atendidos” por Bolsonaro, cada dia mais refém deste grupo para se manter no poder. Isso fica claro com a manifestação do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que iria “esperar o fim da CPI” decidir sobre a análise dos pedidos de impeachment. Como a CPI da Pandemia já tem os votos necessários a sua prorrogação por mais 90 dias, descontado o recesso de julho, o colegiado teria seus trabalhos encerrados ao final de outubro. Poucos apostam que os pedidos de impeachment evoluam nos meses de novembro e dezembro. Quem sabe em 2022…

Bolsonaro não negou

A interdependência entre o Centrão e Bolsonaro é reforçada pelo silêncio presidencial sobre a sua suposta menção a Barros no “rolo” da vacina indiana, que já dura seis dias. A decisão de Bolsonaro de barrar o pedido de demissão do agora ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, revelada pelo jornal Folha de SP, é mais um sintoma. Segundo a Folha, o ex-ministro Eduardo Pazuello teria pedido a cabeça de Dias Ferreira – suspeito de cobrar propina para a compra de vacinas. Mas presidente teria preferido preservar a sua própria cabeça, mantendo o diretor de logística no ministério, a pedido do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

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O silêncio dos “inocentes”

Quase uma semana depois de virem à tona denúncias que aproximam casos de corrupção ao governo na compra de vacinas, o que se tem de mais eloquente, até o momento, é uma sucessão de silêncios, que dizem muito. O presidente Jair Bolsonaro ainda não desmentiu que tenha relacionado seu líder na Câmara, Ricardo Barros, ao “rolo” das negociações da vacina indiana. Alcolumbre também nada diz, assim como vários depoentes que conseguiram no STF o direto de se manter em silêncio nas oitivas. Até mesmo seus apoiadores, proibidos de entrar no Palácio desde a terça-feira, 29/06, Bolsonaro tem evitado, solidificando a cada dia a velha máxima segundo a qual “quem cala, consente.”

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