‘De todos os povos’: Manaus cosmopolita recebe Festival Paraense

Expressões musicais do Pará, como o carimbó, e gastronômicas, como o pato no tucupi, estarão presentes para os amantes da cultura paraense (Divulgação)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Entre os dias 31 de março, 1° e 2 de abril, acontece, em Manaus, o “Festival Paraense”. O evento é um recorte cultural voltado para a colônia paraense na capital do Amazonas e para os amazonenses que gostam das “coisas” do Pará. Música, artesanato, artes plásticas, religiosidade e gastronomia estarão reunidos em um só lugar. O festival acontecerá no Espaço Via Torres, localizado na rua Visconde de Porto Seguro, Parque 10 de Novembro, Zona Norte de Manaus. Os ingressos estarão à venda no valor simbólico de R$ 10, revertidos ao Pró-Menor Dom Bosco.

Festival Paraense, em Manaus (Divulgação)

Em entrevista à REVISTA CENARIUM, o amazonense Carlos Junior, organizador do evento, falou sobre a ideia de criar o festival. “Nossa ideia é prestigiar a imensa comunidade paraense residente em Manaus e que é enorme! É formada, sobretudo, pelos imigrantes que vieram do oeste do Pará, região que compreende cidades importantes como Santarém, Óbidos, Alenquer, Juruti e também os belenenses que moram em Manaus”, explicou Carlos Junior.

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Além do caráter geográfico, outros detalhes fazem parte da gênese do festival. “A gastronomia também tem um papel importante, porque no início pensamos na gastronomia paraense, que é conhecida nacionalmente. Começamos, na verdade, como evento gastronômico, afirmou Junior. “Outro ponto importante é a musicalidade. O carimbó é muito presente e é uma batida que todos nós conhecemos. Além disso, claro: a religiosidade expressa na fé em Nossa Senhora de Nazaré, ou seja, acabamos nos tornando um festival multicultural”, detalhou.

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Manaus cosmopolita

Carlos Junior avalia que, por ser uma cidade cosmopolita, Manaus está de braços abertos a todos e todas. “Até pela existência do Polo Industrial de Manaus (PIM), Manaus é uma cidade de todos os povos. Somos um povo carinhoso que se mistura, sem problemas. Temos, no festival, casais cujo esposo é amazonense, a esposa é do Pará e os filhos nasceram no Amazonas ou, então, um casal que veio do Pará e os filhos nasceram em Manaus, ou seja, são amazonenses. Isso é maravilhoso, e nada como estar no festival para brindar”, comemorou. “Com cerveja paraense, claro”, completou.

O paraense Rivaldo Pereira, natural do município de Alenquer, no Pará, é um dos que aprova o evento. “Vim para o Amazonas há mais de trinta anos. Manaus é minha casa e onde minha família cresceu e prosperou. Sou muito grato a essa terra que me deu tudo!”, declarou com gratidão. “Mas, claro, que não esqueço das minhas raízes, e estar em um vento que me remete ao tempo em que morava no Pará tem um sabor de infância, de memória das coisas que vivi lá. Isso é muito bom de recordar”, falou.

O festival também une dois povos. “Essa coisa de xenofobia, para mim, é coisa do passado, o que existe, hoje, é a união de dois povos que tem a mesma origem e são todos povos da floresta. Hoje, Manaus celebra o Pará e abraça seus filhos que, fizeram desta terra, sua morada e, aqui, são felizes construindo suas vidas e realizando seus sonhos, isso é o que importa”, ponderou Rivaldo Pereira.

A religiosidade do povo paraense, evidenciada na celebração do Círio de Nazaré, estará presente no festival. A fé na ‘Nazinha’ é marca dos paraenses (Reprodução/PortalKairos)

100% paraense

O organizador do evento diz, ainda, que o festival é um sucesso por conta da fidelidade ao que é proposto. “O mais gostoso do festival é estar no festival, porque a gente sente a emoção, os paraenses se emocionam ao ouvir suas músicas, seus gostos e cheiros, porque nós mantemos o festival 100% paraense e você sente, ouve e come o Pará. Sem contar que tivemos todo o apoio da colônia que deu e nos dá todo amparo para realizar, anualmente, o evento, e isso dá muita credibilidade para o festival”, finalizou Carlos Junior.

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