‘Maior desmatador do Brasil’ tem pena reduzida pela Justiça de Rondônia

Chaules Pozzebon é considerado o maior desmatador do Brasil (Catarine Hak/Revista Cenarium)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) reduziu, por 2 votos a 1, a pena do madeireiro Chaules Volban Pozzebon para 70 anos, 11 meses e 19 dias. O julgamento, que foi realizado na terça-feira, 9, diminuiu em pouco mais de três décadas a sentença de quase 100 anos de prisão proferida em junho de 2021.

Pozzebon, que é considerado pelo Ministério Público de Rondônia (MPRO), o maior desmatador do Brasil, respondia ao processo com outros 11 réus. Na decisão, os desembargadores afastaram acusações de extorsão contra parte das vítimas.

Além dele, os outros 11 policiais militares foram condenados por envolvimento na organização criminosa responsável por invadir e explorar madeira ilegal na zona rural de Cujubim (a 32 quilômetros de Porto Velho), especificamente, na linha 106, uma área conhecida como região do Soldado da Borracha.

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Chaules Pozzebon tem uma longa ficha criminal, que vai de delitos contra o meio ambiente à utilização de trabalho escravo (Reprodução/Agência Brasil)

O esquema

Chaules foi condenado por chefiar um grupo criminoso que invadia propriedades rurais e cobrava pedágios em uma estrada conhecida como “Estrada do Chaules”. O bloqueio era formado por uma porteira vigiada por homens armados, pagos pelo madeireiro. 

Quem tivesse moradia ou negócios além da porteira deveria pagar valores tabelados entre R$ 50 e R$ 3 mil para atravessar. Pozzebon também comandava a extração de madeira ilegal que acontecia na região.

Além da participação de policiais da ativa e da reserva, a associação criminosa contava com “olheiros” e comunicação via rádio e internet na operação logística. Todas as ações do grupo eram divididas em subgrupos específicos, como gerência de contas, coordenação de finanças, monitoramento da região com grupo armado e núcleos de vigilância e de limpeza dos lotes explorados.

A condenação, resultado do primeiro julgamento, saiu quase um ano depois da maior audiência de instrução já realizada no Brasil, e que ouviu, em 36 dias, 96 pessoas. 

Aos 51 anos, Chaules Volban Pozzebon é dono de mais de 100 madeireiras no Norte do Brasil (Reprodução)

Prisão

O madeireiro foi preso em outubro de 2019, durante a Operação Deforest, da Polícia Federal (PF), que mirava suspeitos de crimes ambientais em Rondônia, Amazonas e São Paulo.

Na época, ele foi apontado como o líder da organização especializada em invadir terras de comunidades, na região de Porto Velho, para extrair madeira de forma ilegal, sob extorsão, contra os verdadeiros donos dos lotes, o que ficou comprovado mais tarde, pelo Ministério Público, que identificou, ainda, crimes de homicídio e lavagem de dinheiro. O grupo chegava a lucrar R$ 65 mil por mês.

A defesa de Chaules Pozzebon, formada pelas bancas Aury Lopes Jr. Advogados e Job Ferreira Advogados, afirmou que vai recorrer da decisão da Corte.

Quem é Chaules Pozzebon

Chaules Volban Pozzebon tem 51 anos e começou a atuar no ramo madeireiro no início dos anos 2000, quando chegou ao Estado de Rondônia, após sair do Paraná, onde nasceu. Ele é dono de mais de 100 madeireiras, segundo o MPRO.

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Além de cometer delitos ambientais, também carrega o título de escravagista, pois, em 2012, o Ministério Público do Trabalho resgatou 22 trabalhadores de uma de suas fazendas, em Rondônia, onde viviam em situação análoga à escravidão. Até 2021, Chaules possuía, pelo menos, outros 16 crimes e irregularidades registrados em nome dele.

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