PF faz operação contra grupo que desmatou 700 hectares em TI de Rondônia

PF também constatou que adolescentes eram obrigados a trabalhar em situação análoga à escravidão (Divulgação/Polícia Federal)
Iury Lima – Da Revista Cenarium Amazônia

VILHENA (RO) – Uma área do tamanho de 50 estádios do Maracanã, localizado no Rio de Janeiro, foi o rastro de destruição deixado por desmatadores dentro da Terra Indígena (TI) Igarapé-Lage, em Rondônia. O grupo responsável pela exploração ilegal de madeira está, agora, na mira da Polícia Federal (PF), que deflagrou a operação “Oro Oro” na última quarta-feira, 23.

De acordo com a corporação, só o impacto financeiro gerado pelo dano ambiental da retirada de madeira foi estimado em mais de R$ 6,2 milhões. O montante foi calculado “sem considerar o valor de comercialização” da matéria-prima, segundo a polícia.

PF destruiu casas, cabanas e pontes na reserva indígena Igarapé-Lage, no interior de Rondônia (Divulgação/Polícia Federal)

Ainda segundo as investigações da PF, o grupo criminoso criou um corredor “de ponta a ponta da reserva” para facilitar o deslocamento dentro da mata explorada. Os criminosos também construíram casas e pontes no interior da Terra Indígena (TI). Os agentes destruíram diversas estruturas, especialmente, pontes e cabanas usadas como alojamentos e trajetos estratégicos para escoar a madeira retirada da floresta.

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“Tamanha a estrutura de uma das pontes, foi necessário o emprego de explosivo”, afirmou a Polícia Federal (PF) em nota. Já a área desmatada, que corresponde a 50 estádios do Maracanã somados, tem quase 700 hectares.

Uma das pontes destruídas pela PF, na TI Igarapé-Lage; estruturas eram utilizadas para escoar madeira ilegal (Divugação/Polícia Federal)
Trabalho escravo

Durante a incursão na reserva, a PF constatou ainda que adolescentes eram obrigados a trabalhar no extrativismo irregular em situação análoga à escravidão. Eles eram mantidos nas proximidades e levados, diariamente, para trabalhar no local, afirmou a polícia.

Menores de idade eram obrigados a trabalhar em situação análoga à escravidão na retirada ilegal de madeira (Divulgação/Polícia Federal)

A operação contou com mais de 50 agentes, entre policiais federais, servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Polícia Militar do Estado de Rondônia (PMRO), do Exército Brasileiro e do Conselho Tutelar.

TI Igarapé-Lage

Localizada entre os municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, no interior de Rondônia, a TI Igarapé-Lage tem mais de 100 mil hectares, segundo as contas do Instituto Socioambiental (Isa). O território, lar de quase 800 indígenas da etnia Wari’, foi homologado em 1981 pela Funai.

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Editado por Pricila de Assis
Revisado por Adriana Gonzaga
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