Operação da PF, Ibama e Funai expulsa invasores da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia

TI sofre com pelo menos 12 pontos de desmatamento, já identificados pela PF (Divulgação/Polícia Federal)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) –  Uma operação da Polícia Federal (PF) levou 80 agentes para atuarem, pelos próximos dias, no interior da Terra Indígena (TI) Karipuna, localizada em Rondônia. O objetivo é expulsar desmatadores e outros invasores infiltrados na reserva, que sofre com pelo menos 12 pontos de destruição de floresta, já identificados pela PF. Além do desmatamento, a unidade é ameaçada por 20 madeireiras e serrarias no entorno do território, que viabilizam a entrada no comércio ilegal. 

A polícia emprega tropas especiais e aeronaves na ação, que ainda conta com apoio de profissionais do Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A operação conjunta teve início nesta última quinta-feira, 11, e aconteceu como resultado de uma investigação prévia, que detectou as 12 principais zonas de desmatamento.

A TI Karipuna fica entre a capital Porto Velho e o município de Buritis, no interior do Estado, com mais de 150 mil hectares. A região resiste com uma população de cerca de 60 indígenas

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Agentes da PF e do Ibama em uma das 20 madeireiras identificadas no entorno da Terra Indígena Karipuna, em Rondônia (Divulgação/Polícia Federal)

Fraudes e comércio ilegal

Segundo a polícia, as madeireiras e serrarias da região eram responsáveis por abrir as portas para o comércio ilegal da matéria-prima extraída na reserva, “mediante um engenhoso esquema fraudulento que esquenta a origem dos produtos florestais”, ou seja, as empresas atuavam adulterando emissões e transferências do Sistema de Documento de Origem Florestal (Sisdof).

Esse processo contava também com a utilização de laranjas e planos de manejo fraudados em Rondônia e outros Estados. 

Policial federal analisando matéria-prima extraída ilegalmente na TI Karipuna (Divulgação/Polícia Federal)
Leia também: Órgãos ignoram povo Karipuna após denúncia de grilagem e roubo de madeira, em Rondônia

Por questões estratégicas e de segurança, a PF não informou quantos invasores já foram retirados da Terra Indígena, mas afirmou ainda que trabalha para identificar pessoas envolvidas, inclusive, no loteamento e comercialização ilegal de terras, portanto, na grilagem de terras da União.

Os agentes federais também vão destruir pontes que dão acesso, ilegalmente, ao território indígena. Maquinários empregados no crime ambiental também devem ser inutilizados. A operação ainda não tem data para terminar. 

Uma das empresas madeireiras identificadas pela PF como porta de entrada para o comércio ilegal (Divulgação/Polícia Federal)

Resistência

Com população estimada em 62 pessoas, segundo as contas do Instituto Socioambiental (ISA), os indígenas Karipuna são tidos como “sobreviventes”. A realidade de tragédias relacionadas aos crimes ambientais não é novidade para a TI, mas vem sendo muito mais agravada nos últimos anos.

Só em 2022, por exemplo, último ano da gestão de Jair Bolsonaro como presidente da República, que tanto negligenciou os povos originários, a Terra Indígena foi a que mais queimou na Amazônia, de acordo com o relatório do Observatório da BR-319.

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