Família acusa Hapvida de negligência em morte de farmacêutica: ‘Matadouro’

Prédio do Hospital Rio Negro, da Hapvida, em Manaus (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Familiares da farmacêutica Pâmela Mikaely, de 31 anos, acusam a rede Hapvida Saúde de negligência que causou a morte da jovem no último dia 10, e chamam o hospital de “matadouro”. Informações repassadas à REVISTA CENARIUM indicam que a paciente ficou internada por cinco dias no Hospital Rio Negro, na Zona Sul de Manaus, sentindo fortes dores abdominais causadas por uma pedra na vesícula, mas não chegou a ser operada. Os familiares pedem Justiça.

A prima de Pâmela Mikaely, Jéssica Ellen, afirmou à reportagem que ela sofria com dores desde novembro do ano passado e passou diversas vezes por médicos da rede de saúde, sendo receitadas apenas medicações. No último dia 5 de fevereiro, ainda sentindo fortes dores, ela foi internada, mas não conseguiu que a cirurgia fosse realizada. Pâmela morreu cinco dias depois.

“Desde o ano passado, estava dando entrada na Hapvida por dores constantes e intensas na barriga e no estômago. Chegou a fazer exames e deu pedra na vesícula”, disse Jéssica Ellen. “No último dia 3 de fevereiro, eu estive com ela na Hapvida para fazer os exames. A médica disse que era para marcar a cirurgia o mais rápido possível, porque o caso ía piorar e ela precisava de uma cirurgia de emergência. A consulta com o cirurgião era dia 14. Infelizmente, ela não chegou a fazer a consulta”.

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A prima da paciente relata que Pâmela Mikaely contou, ainda, que a farmacêutica retornou ao hospital. Internada, em observação, foram aplicados apenas remédios para dor. A pedra na vesícula evoluiu para uma pancreatite.

“Ela ficou, lá, internada, sofrendo. Foram cinco dias de dor, de tortura, que fizeram com a minha prima ali. Todo mundo dizia que estava esperando cirurgia e eles não faziam nada. Foi uma semana de negligência médica com a minha prima. Ela ficou uma semana esperando por uma cirurgia que nunca aconteceu”, acrescentou ainda.

‘Matadouro’

A mãe da farmacêutica, Miraci Firmino da Silva, pediu Justiça pela morte da filha e falou que o hospital da rede de saúde é um “matadouro”.

“Eu quero justiça! Eu quero que esse matadouro seja fechado! Por meio das pessoas! Como? As pessoas vendo que ali é um matadouro e que não venham mais comprar planos ali, ou que todo mundo possa ver o descaso e cancelem seus planos ali. Quero que os culpados sejam punidos para que outras Pâmelas não venham perder suas vidas por negligência e omissão de socorro”, defendeu ela.

Manifestações

Jéssica Ellen acrescentou que a diretoria do hospital apresentou relatório afirmando que a paciente chegou a passar por um cirurgião, o que é desmentido pelos parentes. Pâmela também não chegou a ser internada em uma UTI. “A Hapvida disse que passou por um cirurgião, mas ela não passou por cirurgião. Ela não estava na UTI, porque não tinha UTI, não tinha leito para ela”, explicou.

Após a morte de Pâmela Mikaely, familiares da farmacêutica fazem manifestações pedindo justiça. Na segunda-feira, 13, depois do enterro, eles voltaram ao Hospital Hapvida para pedir providências das autoridades de saúde do Estado e justiça pelo erro médico. Ela deixou um bebê de nove meses. A REVISTA CENARIUM questionou a Hapvida Saúde sobre as acusações e aguarda resposta.

Manifestação em frente ao Hospital Rio Negro, da Hapvida (Reprodução/Internet)

Alvo

Conforme reportagem da CENARIUM, a operadora de plano nacional de saúde Hapvida virou alvo de procedimento administrativo do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) para apurar denúncia de aplicação irregular dos padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

De acordo com a denúncia, a operadora Hapvida tem sala de atendimento para pacientes com TEA realocada para um pronto-socorro. O ambiente é considerado inadequado e contraria as normas da ANS. Segundo o promotor Lincoln Alencar, do MP-AM, as tratativas para apuração já iniciaram. “Estamos apenas concluindo a publicação dos objetos para apresentar as listas de investigações”, adiantou.

O processo de apuração foi publicado no Diário Oficial do MP-AM no dia 10 de janeiro deste ano: “Considerando a notícia de fato, sob análise, noticiando relatos de irregularidades no atendimento a crianças com Transtorno do Espectro Autista, do Hospital Hapvida, informando sobre a transferência da sala de atendimento para um pronto-socorro, cuja sala de atendimento é inadequada, fora dos padrões tratados no Comunicado ANS N° 92, de 09/072021, bem como da Portaria N° 6, de 23/07/2021, como a necessidade de se retificar a anterior Portaria N° 0035/2022/52ªPJ”, resolve instaurar o presente procedimento, diz o texto.

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