Diversidade: representatividade e combate ao racismo fecham a retrospectiva da editoria pioneira no Amazonas
01 de janeiro de 2022
Última matéria da série "Retrospectiva diversidade" relembra reportagens com temas de representatividade e combate ao racismo. (Catarine Hak)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS — Na quarta e última publicação da série ‘Retrospectiva Diversidade’, a CENARIUM traz, neste primeiro dia de 2022, matérias que retrataram a representatividade e também o combate ao racismo. Assuntos como incentivo à leitura e literatura negra e o ensino sobre identidade de gênero, estudos étnico-raciais e de diversidade religiosa nas escolas integram a lista. Para ler o conteúdo completo, acesse os links disponíveis.
O material revelou que 60% dos eleitores declaram que votariam em um candidato à Presidência da República assumidamente homossexual. O resultado do levantamento surpreende pelo fato do Brasil ser justamente um dos países que mata e maltrata pessoas LGBTQIA+ no mundo e, atualmente, ser governado por um líder que dispara falas homofóbicas.
‘Que mais indígenas usem a internet como aliada e ecoem nossas vozes’, afirmam mulheres indígenas. A utilização da internet como ferramenta estratégica de luta e reivindicações indígenas tem se tornando cada vez mais presente no cotidiano dos líderes e ativistas dos povos originários. As mulheres, em especial, têm se destacado na utilização desses espaços virtuais. A CENARIUM conversou com dois exemplos de força e atuação feminina que produzem conteúdo com questões indígenas diversas.
‘Anda Direito’: a primeira plataforma multipropostas LGBTQIA+ do Brasil. Com o objetivo de promover conexões, oportunidades e os direitos da população LGBTQIA+, um grupo de amigos de Belo Horizonte (MG) fundou a primeira plataforma multipropostas voltada para esse público do Brasil. Intitulada de ‘Anda Direito’, a ferramenta oferece gratuitamente serviços de empregos, divulgação de talentos, bem como lugares, repúblicas, casas, eventos e negócios que acolham, agreguem e promova, de forma positiva, a vida desse público.
Mestre em história da África usa rede social para incentivar leitura e disseminar literatura negra infantojuvenil. Aproveitando as redes sociais como um espaço para divulgação e dicas de leitura, o mestre em História da África da Diáspora e dos Povos Indígenas pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia- UFRB , Marcos Cajé, tem usado o Instagram como ponto de incentivo ao mundo literário negro. Com um foco voltado para público infantojuvenil, o professor baiano, de 43 anos, que também é escritor, é engajado em ações com temáticas voltadas à leitura e já escreveu obras como, ‘Afro-contos: ler e ouvir para transformar’, ‘Zula: a guerreira’ e ‘Ara O menino Trovão‘.
A importância e os benefícios da diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. A diversidade nas empresas é um ato positivo que traz multiplicidade ao ambiente de trabalho. O tema diversidade tem sido cada vez mais debatido pela sociedade e vem tomando o merecido espaço nas empresas, sejam pequenas ou multinacionais. Mas por que de fato as organizações estão cada vez mais atentas a esta postura? Quais os benefícios para a empresa e para os funcionários e colaboradores?
Bonecas We’e’ena Tikuna trazem história de resistência dos povos indígenas. Bonecas de pano que carregam consigo uma história de resistência dos povos indígenas, cujas pinturas corporais retratam as tradições, a ancestralidade e a espiritualidade contidas nas roupas. Onde cada peça retrata a expressão do divino manifestada nos grafismos, que são considerados os códigos de comunicação não só entre os Tikuna, mas para todas as etnias.
Mulheres negras atuam como influenciadoras digitais e levam representatividade às redes. Elas usam a internet para expressar opiniões, dar dicas, disseminar moda, incentivar o empoderamento feminino, a leitura, a autoaceitação, os cuidados com a beleza e abordar questões raciais. Levando representatividade ao mundo digital e também fora dele, as influenciadoras negras são fundamentais para aquelas e aqueles que buscam identificação nas produções de conteúdo ao navegar na internet. A CENARIUM listou alguns nomes de influenciadoras negras que atuam na internet e se tornaram inspirações para o público.
Antirracismo
Advogadas lançam empresa especializada em Direito antidiscriminatório no Amazonas. Com intuito de oferecer atendimento jurídico focada em diversos tipos de discriminação e as implicações contidas tanto no âmbito legal, social na imagem de empresas e organizações. As advogadas Ana Carolina Amaral, Laila Alencar, Luciana Santos e Rhaiza Oliveira lançam a ‘Odaras’ uma consultoria especializada em direito antidiscriminatório.“Há essa necessidade no Estado. Nosso Amazonas não tem nenhum escritório ou empresa que ofereça esse tipo de consultoria e sabemos que é necessário, temos constantes exemplos em nosso cotidiano”, afirma o trio.
No setor publicitário, negros recebem salários abaixo do recebido por brancos, afirma estudo. A primeira edição do estudo Sustentabilidade Racial: Dados e estatísticas sobre a população negra no Brasil, divulgada em setembro deste ano, reforça mais uma vez que os negros, de fato, ainda são minoria em vários âmbitos da sociedade. Desta vez, o levantamento aponta que, no Brasil, a população negra é minoria nos cargos do setor publicitário e recebem um salário inferior aos recebidos pelos brancos.
Se comparadas as remunerações recebidas por profissionais negros e brancos que atuam em cargos de liderança, por exemplo, o negro recebe, em média, 54,3% menos que uma pessoa branca na mesma função. Os cálculos foram realizados a partir dos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia (ME), e pretende dar visibilidade às questões sobre desigualdades raciais.
Especial Diversidade: ‘Apesar dos 70 anos de luta, o racismo está fortemente presente’, diz advogada negra e ativista. Há 70 anos, mais precisamente no dia 3 de julho de 1951, o Congresso Nacional aprovou a primeira lei contra o racismo no Brasil. A lei prevê como contravenção penal toda e qualquer prática de preconceito por raça ou cor. Para a presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM), Carolina Amaral, a data é emblemática para a luta do movimento negro. O racismo tanto estrutural quanto institucional impede que as mediadas de inclusão e políticas afirmativas sejam implementadas e impeçam que de fato a violência contra corpos negros seja reduzida.
Há 70 anos, mais precisamente no dia 3 de julho de 1951, o Congresso Nacional aprovou a primeira lei contra o racismo no Brasil (Getty Images/iStockphoto)
Reeducando o vocabulário: expressões racistas e preconceituosas que podem ser retiradas do cotidiano. Ao longo dos anos sempre foi comum usar expressões originalmente racistas enraizadas em nosso vocabulário. Isso infelizmente acontece por conta da nossa escrita, verbalização e idioma serem firmados em uma base racista, escravocrata e preconceituosa. Nos tempos atuais, expressões preconceituosas, racistas, xenofóbicas continuam em uso no cotidiano. Seja usada propositalmente para ferir ou ofender o próximo, seja usada por falta de informação do que aquela expressão usada de fato significa.
Em cinco anos, quase 400 pessoas foram vítimas de racismo em Rondônia, aponta levantamento. Nos últimos cinco anos, a contar de 2017, 372 rondonienses foram vítimas de ofensas, discriminação e menosprezo por conta da cor da pele. São negras e negros que passaram por situações constrangedoras causadas por uma das piores formas de preconceito: o racismo. Os números são de um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia (Sesdec).
De acordo com a pasta, a organização dos números é feita com base na apuração de boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil. Ainda segundo a secretaria, 2019 foi o ano em que houve mais registros desses casos, totalizando 88. Em seguida, 87 registros em 2017. Já o ano de 2021 é, até agora, o período com menos ocorrências: 46, ao todo.
Dia da Consciência Negra: retrocessos impedem avanço da pauta antirracista no Brasil: A recente instituição do Dia da Consciência Negra, há exatos dez anos, mostra que o dia 20 de novembro, ainda está mais para uma data de protesto do que comemorativa. Uma série de crimes cometidos contra negros no Brasil, tais como o caso de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, morto por seguranças brancos em uma unidade do supermercado Carrefour em São Paulo, bem como a morte de João Pedro, de 14 anos, ocorrida em uma favela do Rio de Janeiro, mostram como o retrocesso e discursos de ódio têm enfraquecido a causa antirracista.
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