Odenildo Sena

Odenildo Sena é linguista, com mestrado e doutorado em Linguística Aplicada e tem interesses nas áreas do discurso e da produção escrita.

Sobre um livro achado no lixo

Não tínhamos livros em casa. Nem revistas. Nem jornais. Essas coisas eram um luxo distante do nosso dia a dia. Não só porque não era prioridade, como também porque não tínhamos noção, como eu descobriria só muito mais tarde com Paulo Freire, de que a leitura da vida precede e se complementa com a

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O aposentado de Casablanca

O sol não havia dado ainda o inteiro ar de sua graça. Apenas alguns tímidos e vacilantes raios de luz se misturavam à pálida escuridão que restava da madrugada e ameaçavam transpor o tecido da cortina vermelha que descia do teto sobre a janela do quarto. Aos primeiros acordes de ‘As times goes by’

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MIA COUTO: A ESCRITA QUE ENCANTA

Os livros são mesmo o maior dos antídotos contra a ignorância. E os nossos maiores aliados na busca do conhecimento e da compreensão, porque eles são sempre janelas que se abrem para o mundo. E não só para o mundo imediato que nos cerca, mas também para mundos outros, distantes, desconhecidos dos nos

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O DOCE ADEUS AO INTERNATO

Aquela foi a mais longa das noites de minha infância. Diferente dos outros dias, em que o cansaço me nocauteava tão logo a cabeça sentia o macio do travesseiro de fronha branca, era como se as atividades escolares e as estripulias da manhã e da tarde estivessem apenas começando. A ansiedade, de tão gr

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EM BUSCA DO ANJO BÊBADO

Não sabia exatamente onde, mas me bateu a certeza de que ele estava em algum lugar do apartamento. Quem sabe matreira e discretamente à espreita, acompanhando meus passos e movimentos, para conferir se eu continuava a concordar com o princípio defendido por ele segundo o qual “a decadência de todo ser

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DEVANEIOS DE UM LEITOR EM PENITÊNCIA

O que pode haver de mais conveniente e agradável para um leitor-devorador-de-livros do que trabalhar em uma livraria? Nunca foi o meu caso, mas me pego a imaginar quão fascinante teria sido. Já pensou o que seria respirar boa parte do dia na condição de uma ilha cercada de livros por todos os lados? E e

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É possível separar a criatura do seu criador?

Gosto de folhear livros já lidos em busca das marcas ali deixadas durante a minha leitura. Costumo me guiar pela parte superior direita da página levemente dobrada e pelos destaques com essas formidáveis canetinhas que servem de marcador, velho e consolidado hábito meu de leitor. Nessas deliciosas emprei

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A lavadeira

Seu nome era Maria das Dores. Mas também atendia por Das Dores. Mas era mais conhecida por Dorinha. Nós, os frangotes da rua, a chamávamos de dona Dó. Tinha o corpo franzino, quase esquelético, a pele morena bastante maltratada pelo sol. Os cabelos, bem curtinhos, ressequidos e encaracolados, avolumavam

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A revolução pela leitura

A situação é alarmante. Debruço-me sobre os dados e entro em quase desespero. 41% dos brasileiros não leram nenhum livro durante o período de um ano. Apenas 1% leu quatro ou mais livros por ano. Busco os dados de Portugal. Proporcionalmente, o quadro não é menos preocupante. 61% dos portugueses não

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Um monstro chamado Brasil

Foi bem casual. Tinha resgatado, dentre os poucos livros que me acompanham, uma edição de 1969 de "O Anjo bêbado", de Paulo Mendes Campos. Sou fã de carteirinha de suas crônicas desde essa época, quando eu carregava nos ombros apenas meus dezoito anos e, acreditem, era bancário, de camisa de punho, grav

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